quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Chacaltaya e Tiwanaku

Olá todos! Finalmente voltei para descrever o tão anunciado "post" sobre o monte Chacaltaya e a civilização Tiwanaku.
Vou começar pelo monte, que fica cerca de 60km da cidade de La Paz, onde se pode ir por conta própria tomando um táxi ou carro próprio, ou pagar um tour, que foi a nossa opção com uma agência muito boa por sinal, chamada "Bolivia chacana travel". A mesma possue atendentes muito atenciosos e é bem barata, por exemplo, pagamos por esse passeio 90 bolivianos (algo como 25 reais, com um lanche simples e a entrada do parque inclusas).
Enfim, chega de enrolação. O monte se encontra à 5300 metros, se encontrando na porção ocidental da cordilheira dos Andes, de onde se observa diversas montanhas e lagunas, tanto ao longo do caminho (que é feito por estradas sinuosas e estreitas) quanto do alto. Chegando ao local sobe-se o equivalente à 130m, em 600 metros de caminhada. Até então não havíamos sentido tanto os efeitos da altitude de La Paz que se encontra em média à 3700m. Subindo o monte, eu particulamermente não me atordoei tanto vencendo a distância vagarosamente e conseguindo pouco do raro oxigênio que se encontra por lá, mas é realmente difícil de se "encontrar ar" e algumas pessoas acabam sentindo mais o efeito, mesmo com a utilização quase inútil nesse caso das folhas de coca. Também é indispensável a utilização de luvas, touca e blusa, pois apesar de fazer menos frio do que imaginávamos, sem esses itens o seu passeio certamente se tornará um pesadelo.
Bom, penso que diante da bela paisagem desse monte, minhas palavras se tornam quase inúteis perante a imagem, portanto, estão algumas fotos dessa incrível "descoberta".

(No caminho para o monte)

 (Lagunas formadas pelo degelo das montanhas e pela chuva)
 (Chegada ao acampamento de onde se inicia a subida)
 (Vista do alto do monte Chacaltaya - de vermelho uma laguna com influência de rochas ricas em ferro)
(Uma das visões incríveis que a Bolívia é capaz de proporcionar)

Após esse turbilhão de imagens estonteantes, falarei um pouco mais da civilação Tiwanaku, que na linguagem Quechua significa: Tiw = perto - Anaku = Anaku (espécie extinta de Llama, até então a mais veloz das espécies).
Essa civilização é datada de desde 1200A.C. à 1200 D.C. e foi considerada influência para diversas civilizações andinas, dentro elas a Incaica, de onde os seus primeiros habitantes e reis são provenientes.
Os Tiwanacotas (habitantes da civilização) eram divididos em 3 classes: Os líderes, militares e pessoas com habilidades epeciais e os camponeses, sendo que a mobilidade de classe era permitida, baseando-se na capacidade do indivíduo em desenvolver determinado trabalho, porém, os critérios para tal mobilidade não estão esclarecidos.
A civilização cultuava 3 animais: O condor (protetor do céu), o Puma (protetor da terra) e a Serpente (protetora dos minerais sob a terra). Em diversas esculturas e vasos de rituais sagrados é possível observar o desenho de um ou de todos os animais supracitados. Também é possível observar o culto à dualidade por parte da civilização, onde o branco e o preto são os seus representantes, sendo observada essas cores em diversos objetos. Mas, o que mais impressiona acerca dos Tiwanakotas, é o seu desenvolvimento. No auge de sua época tinham um desenvolvimento muito grande em medicina, agricultura, armazenamento de água e conhecimentos matemáticos formidáveis, sendo que suas construções em muitos casos chegam  formar um quadrado perfeito. Utilizavam também um portal, no qual servia como calendário principalmente para a agricultura, onde através desse portal sabia-se o solstício e equinócio de verão e inverno.
Em seu sítio arqueológico e cidade principal inelizmente há somente resquícios de sua civilização, uma antiga pirâmide escavada e destruída pelos espanhóis com o objetivo de se encontrar minérios é o símbolo dessa destruição. É visível também os estragos causados pela igreja, onde monumentos estão rachados ou completamente destruídos, após terem sido exorcizados pela mesma, fato no mínimo revoltante nos dois casos. Enfim, a civilização apresentava um grau evoluído de crenças (eram politeístas) e também de tolerância cultural, já que se expandiram tanto, que traziam para a cidade principal diversos tipos de pessoas, sendo que um templo com diversos tipos de faces, representando diversas etnias fazia parte da cidade.
Bem, após um longo período de domínio e expansão, há duas teorias para a sua queda: a primeira é a de que a civilização se expandiu tanto, que as cidades mais afastadas criaram seus próprios governos e se afastaram do comando central, subdividindo assim cada vez mais a cultura. A segunda teoria é a de um período muito grande de seca, onde não havia mais como praticar a agricultura, os sobreviventes se viram obrigados a migrar. Dentro desses deslocamentos, alguns militares atingiram a cidade de Cuzco, e fundaram a civilização Incaica, sendo um militar e sua esposa os pais do império Inca.
É um tanto triste ver o estado do sítio. Patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, não há dinheiro para a restauração do sítio, sendo que o turismo na Bolívia possue o mesmo orçamento que a região do Brooklin nos Estados Unidos.
Mas fica ai mais uma dica de visita e quem sabe incentivo para procurar mais acerca do Tiwanaku, que com certeza há muuuuita mais informação a ser pesquisada.
Obrigado!

Caio Fernandes

 (Sítio arqueológico)

 (Centro do templo onde há o culto à diversas etnias)

 (Portal do sol)

(Pirâmide destruída)

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