quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oruro



Olá povo! Estou de volta para mais um "post". Dessa vez a cidade é Oruro, cidade que se encontra na parte central do país e ao sul de La Paz.
A cidade que se encontra nos altiplanos andinos não tem muito a oferecer. Apresenta diversas características que outras cidades bolivianas também apresentam, porém, com muito menos beleza. O centro da cidade é bem pequeno e tumultuado, assim como em quase toda a Bolívia, mas em Oruro as coisas parecem se complicar mais, com muitas cholas vendendo suas "artesanías" na calçada estreita e grande movimentação de carros. A cidade não nos surpreendeu nem um pouco, em nenhum aspecto. Porém, vale lembrar que o carnaval no país tem em Oruro sua principal sede, onde diversas culturas de inúmeros locais da Bolívia se deslocam à cidade na época festiva. Há estimativas de que na semana do carnaval Oruro movimente cerca de 6 milhões de dólares, tamanha é a festa. Outra lembrança válida é a de que a festa no país não tem muita relação com a ideia que temos no Brasil, por lá as festividades ficam por conta de desfiles com máscaras, assim como antigamente acontecia com mais frequência no Brasil, porém, com uma relação muito mais religiosa, onde se tem diversos tipos de danças, entre elas a Diablada, que se caracteriza por um desfile onde há pessoas vestidas com máscaras que fazem alusão ao Diabo, e com vários significados religiosos e representações teatrais, e que tem por característica principal no final da apresentação a vitória do bem sobre o mal.
Enfim, infelizmente não pudemos visitar a cidade nos tempos de carnaval, mas para os que tem Oruro entre uma cidade e outra no seu roteiro, vale a visita.
Obrigado!

Caio Fernandes

(Oruro)

(Catedral e local onde acontece o desfile de carnaval)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Copacabana e Ilha do Sol

Olá todos! Bom, estou de volta para continuar descorrendo sobre a viagem. Apesar dela já ter terminado, e eu ter enontrado algmas pessoas que nos acompanhavam por aqui e adiantado algumas coisas, vou continuar a descrever as minhas impressões sobre os locais que passamos.
Dessa vez a cidade é Copacabana, cidadezinha pequena que beira o lago Titicaca, lago navegável mais alto do mundo e que faz divisa com o Peru. A primeira impressão sobre a cidade foi a melhor possível, pessoas jovens, tranquilas e de certa forma "hippies" caminhando pelas ruas estreitas e movimentadas do local, que claramente tem uma economia voltada para o turismo, tamanha a quantidade de bares/restaurantes, agências e turismo, empresas de ônibus, hotéis e hostels, sem contar nas diversas lojas de artesanatos que podemos encontrar.
Para chegar a cidade, tomamos um carro/táxi em La Paz, por cerca de 30 bolivianos cada um (menos de 10 reais), sendo que a viagem foi de aproximadamente 2 horas e meia.
O caminho para se chegar à Copacabana é bonito, com vistas do lago Titicaca e com direito a um "passeio" de balsa cruzando o lago para continuar a viagem.
Chegando lá, conseguir hostel não foi problema, e acredito que não seja mesmo, devido à quantidade de hostels que se fazem presentes. Porém, a maioria das pessoas passam apenas um dia ou dois no máximo por ali, pelo fato da atração principal ser a Ilha do Sol, de onde se pode tomar um barco ao amanhecer por cerca de 20 bolivianos e voltar à tarde ou mesmo dormir em um dos alojamentos que se encontram por lá. A viagem de barco é bonita e fria! Se um dia se aventurar por essas águas, vá um tanto preparado.
Na Ilha tivemos algumas opções, mas por falta de tempo, preferimos não passar a noite, sendo que somente atravessamos a Ilha da parte do Norte para a Sul, cerca de 3 horas de caminhada. A trilha é um tanto exaustiva e não muito surpreendente em termos de paisagem. Há também na Ilha um museu arqueológico, já que o local abrigou diversas culturas andinas, como a cultura Tiwanaku e a Incaica, mas infelizmente não visitamos o museu por medo de perder o barco de volta.
Enfim, o que nos chateia bastante na trilha são algumas paradas de "pedágio", onde moradores locais cobram o turista para caminhar pela trilha, com a alegação de que o dinheiro servirá para a manuntenção do caminho. Fomos parados 2 vezes, a primeira pagamos 10 bolivianos, na segunda apenas uns 500 metros adiante e após uma leve discussão com o morador não pagamos, e ainda seguimos sob "ameaça" de que mais adiante nos seria cobrado o dobro se não pagássemos o "pedágio".
Ao chegar na parte sul para tomar o barco de volta nada nos foi cobrado, e ainda conversamos com diversas pessoas revoltadas que tiveram que desenbolsar 10 bolivianos para simplesmente pisarem na ilha. Uma "entrada" não obrigatória cobrada por parte dos moradores locais. Mas o cúmulo foi ver algumas "cholas" (mulheres da cultura tradicional da Bolívia), cobrando os turistas que estavam sentado ou deitados na grama apenas esperando o barco deixar o local, uma demonstração clara de exploração um tanto quando inversa, de pessoas mais pobres e humildes sobre alguns turistas que visitam a Ilha.
Enfim, de volta para a cidade de Copacabana ficam duas boas dicas: a primeira é para aproveitar o pôr-do-sol na Ilha se o dia estiver propício para tal. É realmente incrível o tom dourado que o lago ganha com a luz do sol. E a segunda dica, fica por conta de umas barracas mais humildes que ficam de frente para o lago, que vendem peixe (Truta) pescado diretamente do lago, por apenas 20 bolivianos (cerca de 6 reais). O peixe é simplesmente sensacional, e servido com uma generosidade para matar qualquer fome.
É isso, deixo vocês com algumas fotos da cidade e da Ilha.
Obrigado!

Caio Fernandes



(Cidade de Copacabana)

(Pôr-do-sol e lago Titicaca)

 (Pôr-do-sol e Titicaca)

(Truta espetacular, talvez a melhor refeição da viagem toda)

(Ilha do Sol)

(Caminhos e trilhas na Ilha)

(Ilha do Sol)

(Cidade de Copacabana vista do Barco)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Chacaltaya e Tiwanaku

Olá todos! Finalmente voltei para descrever o tão anunciado "post" sobre o monte Chacaltaya e a civilização Tiwanaku.
Vou começar pelo monte, que fica cerca de 60km da cidade de La Paz, onde se pode ir por conta própria tomando um táxi ou carro próprio, ou pagar um tour, que foi a nossa opção com uma agência muito boa por sinal, chamada "Bolivia chacana travel". A mesma possue atendentes muito atenciosos e é bem barata, por exemplo, pagamos por esse passeio 90 bolivianos (algo como 25 reais, com um lanche simples e a entrada do parque inclusas).
Enfim, chega de enrolação. O monte se encontra à 5300 metros, se encontrando na porção ocidental da cordilheira dos Andes, de onde se observa diversas montanhas e lagunas, tanto ao longo do caminho (que é feito por estradas sinuosas e estreitas) quanto do alto. Chegando ao local sobe-se o equivalente à 130m, em 600 metros de caminhada. Até então não havíamos sentido tanto os efeitos da altitude de La Paz que se encontra em média à 3700m. Subindo o monte, eu particulamermente não me atordoei tanto vencendo a distância vagarosamente e conseguindo pouco do raro oxigênio que se encontra por lá, mas é realmente difícil de se "encontrar ar" e algumas pessoas acabam sentindo mais o efeito, mesmo com a utilização quase inútil nesse caso das folhas de coca. Também é indispensável a utilização de luvas, touca e blusa, pois apesar de fazer menos frio do que imaginávamos, sem esses itens o seu passeio certamente se tornará um pesadelo.
Bom, penso que diante da bela paisagem desse monte, minhas palavras se tornam quase inúteis perante a imagem, portanto, estão algumas fotos dessa incrível "descoberta".

(No caminho para o monte)

 (Lagunas formadas pelo degelo das montanhas e pela chuva)
 (Chegada ao acampamento de onde se inicia a subida)
 (Vista do alto do monte Chacaltaya - de vermelho uma laguna com influência de rochas ricas em ferro)
(Uma das visões incríveis que a Bolívia é capaz de proporcionar)

Após esse turbilhão de imagens estonteantes, falarei um pouco mais da civilação Tiwanaku, que na linguagem Quechua significa: Tiw = perto - Anaku = Anaku (espécie extinta de Llama, até então a mais veloz das espécies).
Essa civilização é datada de desde 1200A.C. à 1200 D.C. e foi considerada influência para diversas civilizações andinas, dentro elas a Incaica, de onde os seus primeiros habitantes e reis são provenientes.
Os Tiwanacotas (habitantes da civilização) eram divididos em 3 classes: Os líderes, militares e pessoas com habilidades epeciais e os camponeses, sendo que a mobilidade de classe era permitida, baseando-se na capacidade do indivíduo em desenvolver determinado trabalho, porém, os critérios para tal mobilidade não estão esclarecidos.
A civilização cultuava 3 animais: O condor (protetor do céu), o Puma (protetor da terra) e a Serpente (protetora dos minerais sob a terra). Em diversas esculturas e vasos de rituais sagrados é possível observar o desenho de um ou de todos os animais supracitados. Também é possível observar o culto à dualidade por parte da civilização, onde o branco e o preto são os seus representantes, sendo observada essas cores em diversos objetos. Mas, o que mais impressiona acerca dos Tiwanakotas, é o seu desenvolvimento. No auge de sua época tinham um desenvolvimento muito grande em medicina, agricultura, armazenamento de água e conhecimentos matemáticos formidáveis, sendo que suas construções em muitos casos chegam  formar um quadrado perfeito. Utilizavam também um portal, no qual servia como calendário principalmente para a agricultura, onde através desse portal sabia-se o solstício e equinócio de verão e inverno.
Em seu sítio arqueológico e cidade principal inelizmente há somente resquícios de sua civilização, uma antiga pirâmide escavada e destruída pelos espanhóis com o objetivo de se encontrar minérios é o símbolo dessa destruição. É visível também os estragos causados pela igreja, onde monumentos estão rachados ou completamente destruídos, após terem sido exorcizados pela mesma, fato no mínimo revoltante nos dois casos. Enfim, a civilização apresentava um grau evoluído de crenças (eram politeístas) e também de tolerância cultural, já que se expandiram tanto, que traziam para a cidade principal diversos tipos de pessoas, sendo que um templo com diversos tipos de faces, representando diversas etnias fazia parte da cidade.
Bem, após um longo período de domínio e expansão, há duas teorias para a sua queda: a primeira é a de que a civilização se expandiu tanto, que as cidades mais afastadas criaram seus próprios governos e se afastaram do comando central, subdividindo assim cada vez mais a cultura. A segunda teoria é a de um período muito grande de seca, onde não havia mais como praticar a agricultura, os sobreviventes se viram obrigados a migrar. Dentro desses deslocamentos, alguns militares atingiram a cidade de Cuzco, e fundaram a civilização Incaica, sendo um militar e sua esposa os pais do império Inca.
É um tanto triste ver o estado do sítio. Patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, não há dinheiro para a restauração do sítio, sendo que o turismo na Bolívia possue o mesmo orçamento que a região do Brooklin nos Estados Unidos.
Mas fica ai mais uma dica de visita e quem sabe incentivo para procurar mais acerca do Tiwanaku, que com certeza há muuuuita mais informação a ser pesquisada.
Obrigado!

Caio Fernandes

 (Sítio arqueológico)

 (Centro do templo onde há o culto à diversas etnias)

 (Portal do sol)

(Pirâmide destruída)